quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Hoje vai ser uma festa.

A mesa já está pronta. O bolo, os docinhos, os balões: tudo já está no seu devido lugar. O painel do X-MEN dá um ar de contemporaneidade ao ambiente. A caixa de presentes fora colocada em um lugar estratégico, logo na entrada do salão de festas, para que nenhum dos convidados se esquecesse de depositar ali o seu mimo.

A festa está marcada para as sete e meia em ponto. Já são seis da tarde e a mãe da criança ainda trabalha freneticamente, ajustando os últimos detalhes. “Nada pode dar errado”, pensa ela. Doce ilusão...

Na cozinha, o ritmo é o mesmo. Os pratos e talheres já estão limpos e posicionados, a comida está quase pronta. Só o arroz não deu muito certo, ficou meio papado, mas nada que coloque em risco o sucesso do evento.

Sete e vinte e os convidados começam a chegar. Pouco a pouco, tomam os seus lugares e começam a arrastar as mesas para se sentarem perto uns dos outros. Sabe como é né: em lugares assim é muito melhor sentar-se ao lado de quem você já conhece. Assim, a festinha tem tudo pra ficar menos chata!

Aos poucos, os fotógrafos tomam seus postos e o que se vê é uma infinidade de flashes. A festinha devia ser registrada por inteiro, nada poderia escapar às lentes dos profissionais. Por isso, foram contratados os melhores fotógrafos da cidade. A equipe responsável pelas filmagens se atrasou um pouquinho, mas chegou a tempo de registrar a chegada do aniversariante.

Acompanhado de seus pais, o pequeno Lucas chega para festejar o seu primeiro aninho. Aquela situação festiva será melhor para a ascensão do pai na empresa onde trabalha do que para o próprio Lucas. Ninguém imagina a briga que foi em casa para organizar o evento. A mãe queria de um jeito e o pai, de outro.

- Agora vamos cantar os parabéns! – grita a tia gorda, que estava sentada no meio do salão e não via a hora do jantar ser servido.

- Parabéns pra você... – a mesma tia gorda puxa a musiquinha infernal que embala os aniversários ao redor do planeta enquanto ensaia uns passinhos nada sensuais para a coreografia.

Mal deu os primeiros passos, a nova coreógrafa da família enroscou um dos pés no forro da mesa onde estava sentado o chefe do pai de Lucas. O tombo foi inevitável. Que situação constrangedora! Aquela senhora, de seus 45 anos de idade, no mínimo, esparramada no chão. Os risos e gritos ecoaram no salão. O pior era ver o pai do aniversariante deixar a coitadinha estendida no chão e ir puxar o saco do patrão.

- O senhor se machucou?

- Não, não! Pode ficar despreocupado. Só a minha esposa é que se assustou um pouquinho. – responde o patrão, sem saber onde esconder o rosto de tanta vergonha. De uma hora pra outra ele tinha se tornado o centro das atenções.

Muito envergonhado, o patrão acha melhor encerrar a sua participação no evento por ali. Não queria mais chamar a atenção dos demais convidados. Despede-se dos pais da criança, parabeniza-os pela organização do evento e sai acompanhado pela esposa, ainda assustada.

A festa acabara para o pai. Tanto dinheiro gasto, tanto tempo de trabalho para agradar o chefe, e agora ele saira desapontado. Tinha certeza de que a festinha seria alvo fácil de comentários maldosos e piadinhas dos colegas de trabalho. Por isso é que eu digo que às vezes é bom pensar numa segunda opção quando se quer surpreender alguém; principalmente se esse alguém for o seu chefe. No final das contas, dependendo da estratégia adotada, o surpreso pode ser você!

2 comentários:

Pâmela Magalhães disse...

Ainda melhor que o primeiro... Lembrou-me de Feliz aniversário da Clarice... O toque de sutileza na descrição dos detalhes...O jeito trágico e cômico de tratar os posicionamentos humanos, sem falar na atenciosa maneira que você dá vida aos personagens da narrativa... Ganhou uma seguidora!!!

Sandrinha disse...

Como assim, eu não tinha conhecimento da existência desse Blog. Enfim, gostei demais da narrativa, excelente!