terça-feira, 4 de outubro de 2011

Quem tem medo de envelhecer?

Eu assumo que tenho sim muito medo de envelhecer. E ao contrário do que muitos devem estar pensando, não tenho medo pelo fato de ver a morte se aproximar aos poucos, de colocar o prego na parede para pendurar as chuteiras. Tenho medo de envelhecer e começar a reclamar de tudo e de todos: da casa que está desarrumada, da comida que não está do agrado, do chuveiro que não esquenta a água como deveria; enfim, reclamar de tudo o que for possível reclamar. Afinal, eu duvido que alguém que esteja lendo esse texto desconheça um velhinho que reclame demais, um velhinho ranzinza, entendem? Eu mesmo conheço muitos. Seria capaz de elencar uma porção deles nesse texto. Mas me contento em contar uma única história.

Dia desses encontrei um meio insatisfeito com a vida. Digamos que o “Seu João” seja o dono de uma lojinha qualquer, dessas que encontramos em toda esquina de bairro. É claro que eu mudei o nome e as informações a respeito dele; não seria tão indiscreto a ponto de revelar a verdadeira identidade do reclamão: o nome dele não é João e acredito que ele nunca tenha vendido sequer uma balinha. Mas a história aconteceu de verdade, eu juro.

Pois bem, voltando à história do “Seu João”, cheguei na lojinha para comprar algumas coisas. Como sempre, iniciei o diálogo da maneira mais cordial possível.

_Bom dia Seu João, como vai o senhor?

_Ah, seu eu te dissesse que estou bem, estaria mentindo. E se tem uma coisa que eu detesto fazer é mentir. Minha mãe, antes de morrer, sempre dizia que devemos dizer a verdade. Então, vou te falar a verdade: não estou nada bem. De um mês pra cá, arrumei uma dor nas costas que não agüento mais. Incomoda na hora de dormir, na hora que eu sento no sofá pra assistir televisão, incomoda o dia todo. E, pra acabar de completar, a minha cabeça também dói no final do dia. É só o relógio marcar cinco horas da tarde que ela dói. Parece até um despertador programado pra tocar às cinco. Mas é assim mesmo: a idade chega e a saúde vai embora. Nem sei mais o que estou fazendo aqui. Deveria morrer logo...

_Não é assim, seu João! Vire essa boca pra lá! Essas dores vão logo passar, fique tranqüilo. O senhor já foi ao médico?

_Já, mas ele não sabe de nada. Chego lá e ele me receita um montão de remédios que não fazem efeito nenhum. Isso depois de esperar um tempão até ser atendido. E sem contar que os remédios que ele me receita custam uma fortuna! Sabe como é, né. Médico de posto de saúde é recém formado e ainda sabe muito pouco... Tem que estudar muito pra ficar bom, meu filho.

Saí da lojinha do cara sem levar nada. Nem olhei as mercadorias. E o pior: saí com mais medo ainda de envelhecer...

Pois bem, caros amigos e leitores, sei que muitos de vocês podem estar rindo (e outros nem tanto), mas isso não tem a menor graça. O meu medo de reclamar tanto assim é cada vez maior. Não que eu me ache o mais humilde dentre os mortais. Estou longe de poder ser canonizado! Mas também não acho que reclamo tanto assim.

Sei que existem muitos velhinhos legais. Seria injustiça da minha parte generalizar e dizer que todos são chatos, ranzinzas e reclamam demais. Conheço também muitos velhinhos bacanas, que não podem nos ver na rua que vão logo cumprimentando. Mas, como estamos no Brasil, os bons não merecem destaque. Eles sequer são lembrados! Sendo assim, vamos nos lembrar dos maus velhinhos e fazer valer o que já se tornou regra por aqui.

2 comentários:

Tayrine Castro disse...

E ai Gabril adorei o blog é super legal, vai postando fica cada vez melhor J´[a tenho um faz 2 anos e recebo muitas visitas e comentários, não de pessoas aqui da cidade mas divulguei para fora. A partir do momento que suas visitas aumentarem você vai se apaixonar pela blogosfera. Meu blog é http://cantinhodatayrine.blogspot.com/
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Tayrine Castro disse...

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